terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Juliana chegou.

Ontem eu acordei, por volta das 9h, com a Mme. Perez batendo na janela do meu quarto: -Lourdes, Lourdes ô Lourdes. Levantei correndo, abri a porta. Morrendo de medo, achando que havia perdido a hora do trabalho. Quando abri a porta da rua, ainda meio dormindo, dei de cara com a Juliana e a Mme. Perez. Ai que alegria! Oba, Juliana chegou! Como voce chegou aqui, amiga? De taxi... Nos cumprimentamos. Ela estava com o rostinho gelado. Entramos e fomos conversar. Na verdade, só havia ônibus pra La Roche às 12h20. Ela não quis esperar e resolveu pegar um taxi. Foi muito bom! Corri na padaria, comprei uma baguete e preparei aquele cafezinho. Fiquei tão emocionada com a chegada da colega que me esqueci de documentar mais um café da manhã. E depois do café fui apresentar a pequena cidade da Bretanha pra Juliana. Assim como os outros colegas, que já passaram por aqui, a paixão pela cidade foi a mesma. Às 16h nos apresentamos ao trabalho. Todo mundo na cozinha ficou contente com a chegada de mais uma brasileira. Durante o nosso jantar, o Chef fez algumas perguntas sobre o ex-trabalho de Juliana lá na Borgonha e admirou quando ela disse que havia trabalhado numa cozinha com vinte funcionários. Fomos proibidas de conversar em português. E durante o trabalho foi bastante divertido. De vez em quando um trocar de olhos e uma já sabia o que a outra queria dizer. Assim é bom, a hora passa rápido e o trabalho fica ainda mais interessante. Agora permanecemos na expectativa, será que vamos trabalhar juntas? De uma coisa eu tenho certeza: vamos ter muitas histórias pra contar...

sábado, 19 de janeiro de 2008

De volta ao trabalho.


Bom, eu não poderia deixar de contar pra voces como foi meu primeiro dia de trabalho, depois de duas semanas de férias.
Ontem, às 14h horas, estava eu bonitinha, de uniforme, toquinha de renda na cabeça e doidinha pra trabalhar. Ai, ai! Voce acredita, não é?
Pois é... Eu até que fiquei surpresa, a Chef me recebeu com um sorrisão nos lábios, coisa que nunca acontece. Ela é mal humorada à bessa. Mas eu nem ligo, já tô bastante acostumada com pessoas mal humoradas. Isso eu tiro de letra. E eu nem estava entendendo nada, sabe? Mas até que eu estava gostando, afinal, sempre que saio de casa pra ir trabalhar peço ao meu Senhor pra me ajudar e me dar muita força pra suportar as situações desagradáveis. E isso é infalível, sempre tem. Principalmente no ambiente stressante que é a cozinha na hora do pic. Mas Ele sempre me abençoa, glória à D'us por isso!

De repente a abençoada da minha Chef me manda bater manteiga. Gente, voces nem podem imaginar... até agora eu não consigui entender. Um país de primeiro mundo e eu batendo cinco litros de creme de leite à mão. Voces acreditam? Pois é. Eu que moro lá no interior das Minas Gerais bato a manteiga numa batedeira elétrica que em cinco minutos me dá um resultado excelente. E aqui, na França, dentro da cozinha de um Chef estrelado a manteiga é batida numa caixa velha de madeira que deve ter lá os seus cinquenta anos ou mais. A manivela da bicha já está tão gasta que as peças nem se encaixam direito mais. Fica tudo bambo. E conforme voce vai rodando a manivela as peças soltam, a élice desencaixa lá dentro e aí é aquela confusão. Mas eu já tô escolada e a manivela não me pega mais. Eu fico boneca prestando atenção. Da primeira vez que fiz a manteiga, ganhava pito toda vez que a manivela soltava. Só que agora ela não solta mais. Eu não deixo a peteca cair. Ah, se a vigilância sanitária soubesse disso! No meu país é ferro na certa. Mas tudo bem, vamos lá. Gente, são quarenta e cinco minutos manivelando sem parar e "vite", "vite", "vite". Rápido, rápido e muito rápido, sem parar. E a cada cinco minutos eu olhava para o relógio e clamava: -D'us, renova as minhas forças. Abria a caixola e via que ainda faltava muito. Suava igual égua velha. Eu já havia feito antes, logo quando cheguei. Então já não era novidade e eu bem que sabia o tempo que ía gastar. Quando venci os quarenta e cinco minutos parecia uma eternidade. E eu pensava, se fosse contar as maniveladas dadas bem que dava para ir de Mariana à Ouro Preto de bicicleta. Ah, isso dava!

Mas, tirando a manteiga, o trabalho foi interessante. Cardápio novo, ingredientes novos. Novidades. Aprendi um pouco mais. Me diverti bastante e agora os músculos dos braços estão durinhos iguais aos do maridão. Hahahahahaha.


Diversão para Marcos Paulo.

Olha só! É um Maverick...
Esse eu trouxe pra voce de Carnac. E vai com um cachorrão dentro de pinga. Ok?

Pelo visto, o dono desse carro aí é igualzinho o Eduardo. Só lembra de colocar o combustível. Também... Mas dá dó! Olha só o cupim latão corroendo a lataria perto do limpador de pára-brisa.

E esse, não é uma tetéia?

Esse, parece que é do jardineiro do Castel Clara, lembra desse hotel? Dá pra perceber que o cupim latão já vai chegando até na suspensão. Kakakakakakakaka!

Pra quem gosta de coisa grande esse é um prato cheio...

E esse aí Marcos, dá pra encarar?

Passeando pela ilha encontrei essa gracinha e lembrei logo de voce. Ele é mesmo um chuchuzinho, verdinho verdinho. Estava de teia de aranha pra todo lado. Mas na suas mãos garanto que ia tá desfilando pela Pampulha à fora. Não é?

Ele é "top model" da ilha. Está presente nas revistas de turismo. Ele está em todas!

Até que a placa dele é bonitinha como ele... hahahahahaha!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

De Carnac para Vannes.

Segunda-feira, 14 de janeiro, dia de voltar pra casa. Colocar as coisas em dia e preparar para retornar ao trabalho. Fim de férias. Caminho de casa. Oba!
Praia de Carnac.


Despedindo de Carnac e contornando o porto.

Dentro do ônibus, indo para a estação de Auray, consegui registrar as últimas imagens de Carnac.
Porto de Carnac.

Estação de Auray, uma cidade pequena que fica entre Carnac e Vannes.

Enquanto aguardávamos a chegada do TGV eu admirava a beleza do meu companheiro de viagem. Um cão de causar inveja. E muito educado, por sinal.


Chegamos na estação de Vannes por volta de 13h e nosso ônibus para La Roche sairia às 18h20. Então resolvemos passear lá no centro, visitar algumas lojas, verificar as liquidações e quem sabe, comprar mais livros de gastronomia. De repente chegamos no porto. Paramos pra descansar um pouco e comer alguma coisa. Comprei um sanduiche (baguete com peito de frango, maionese, batata frita e suco de uva) e meu amigo ficou só de coca-cola mesmo. Os passarinhos começaram aproximar em busca de alimento. De repente tinham mais de dez ao nosso redor. Que lindo!

O tempo estava gostoso, às vezes parecia que ía chover, às vezes as nuvens passavam rapidamente e o sol surgia. Apreciar aquela paisagem estava até agradável. Melhor que ficar andando pra lá e prá cá esperando as quatro horas, que tinhamos pela frente, passarem.

Os pássaros nos fizeram companhia durante boas horas alí na beirada do porto. Disputavam as migalhas de pão que jogávamos no chão e às vezes até brigavam. Um era mais esperto que os outros e dominava o pedaço numa esperteza de impressionar qualquer pessoa. Eles faziam um malabarismo no ar que tornou um espetáculo para nós.

Já cansado de brincar com os pássaros, cansado de alimentar os pássaros e cansado de esperar a hora passar, meu companheiro resolveu sair pra paquerar. Disse que não era pra mim preocupar mas que ele tinha certeza que ia arrumar um gatinha. Saiu andando e de repente encontrou com duas velhas que passeavam pelo porto. Uma delas levava um cachorrinho para passear ou pra fazer xixi na rua. Talvez! E não é que o danado cantou a velha! Quando ela olhou pra ele e viu que era um brasileiro, gato, sarado e cheio de talento, a velha não resistiu e começou passar mal. Foi ficando pálida, pálida e as pernas bambeando até cair no chão. A amiga dela dizia: -me ajuda moço, por favor! O Lúcio, mais que depressa agarrou a cintura da velha e até que ela gostou. Se entregou e caiu nos braços dele de uma só vez. Ele juntava a velha, a velha escurregava e caía no chão. Ele juntava a velha e a velha caía novamente. Tava um pagode.

De repente, lá do outro lado da rua passava uma van da prefeitura local. Quando o motorista olhou pra cá e viu que tinha um bate boca danado, mais que depressa freiou o carro, abriu a porta e veio correndo com o seu companheiro de trabalho, saber o que estava acontecendo. O Lúcio dizia: -não foi nada não, foi só um sustinho. Já tá tudo sobre controle, tá tudo bem agora. E o homem ficou meio desconfiado, desacreditando no meu amigo, então resolveu certificar com a velha: -a senhora está bem? A velha dizia: num sei... eu tô sonhando ou é verdade mesmo isso que me aconteceu! O homem dizia: -dona, a senhora está muito pálida, nós vamos chamar a ambulância e vamos levar a senhora para o hospital. A velha resistia dizendo que só ía para o hospital se o Lúcio fosse com ela. Já pensou só? Que velhinha safada, né? Até que ela estava gostando da idéia...

Voces nem imaginam como estava engraçado a cena. O Lúcio ajuntava as pernas da pobrezinha e dizia: -vem meu bem, voce aguenta sim. Vamos tentar só mais uma vez... E a velha arriava. Ele falava repetidamente: -me ajuda gente, me ajuda. E a velha nada!

Os caras resolveram chamar o corpo de bombeiros logo de uma vez. Tenho certeza que era pra apagar o fogo do Lúcio. Claro que era... E aí foi aquela confusão, as pessoas iam passando e se ajuntando, mais e mais, formando uma multidão de curiosos. Alguns até arriscavam me perguntando: -aquilo é um homem ou uma mulher? E eu dizia: -é uma mulher, coitadinha. E ela tá muito mal. O Lúcio vermelhinho de vergonha e puto porque percebeu que eu estava de longe registrando tudo. De vez em quando ele me dava sinal e dizia assim: -pára com isso sô... cê tá rindo da desgraça dos outros? Faz isso não. E aí que eu me divertia mesmo. Me diverti, um tanto com os pássaros e depois mais um tanto com o Lúcio e as suas velhinhas. Kakakakakakakaka!

Conhecendo Carnac.

Domingo, 13 de janeiro, levantamos cedinho... Acabou o passeio na ilha. Agora temos que voltar para conhercer Carnac. A vontade de chegar em casa para postar essas fotos lindas já está latejando dentro de nós. E olha que ainda falta muita coisa. Aguenta aí coração!
Imagens que serão guardadas eternamente!

Adeus Bela Ilha...
Despedindo de "Belle-Île".

Entrando no porto de "Quiberon".

Chegando, de volta, à "Presqu'île de Quiberon". É uma pequena e esguia península que já foi uma ilha. Sua costa oete, feita de penhascos, castigada pelo mar e pelos ventos, também é conhecida como "Côte Sauvage", costa selvagem. A leste ficam as praias mais calmas. No extremo sul encontra-se o balneário e o porto pesqueiro de "Quiberon", de onde parte o "ferryboat" para "Belle-Île". É uma maravilha viajar dentro do ônibus e avistar o mar à direita e à esquerda. Um filete de terra e nós lá no meio sem saber pra que lado olhar. Quando cansar de olhar pra direita é só virar o pescoço que do lado esquerdo a paisagem é ainda mais bela.

Chegamos em Carnac por volta das 11h e fomos direto para o hotel que já havíamos reservado, para garantir o preço da baixa temporada. Lá deixamos nossas pesadas mochilas e fomos conhecer a cidade. Carnac é um dos maiores sítios pré-históricos do mundo. Com quase 3.000 menires em filas paralelas, ao norte do centro da cidade, onde o ônibus nos deixou. Lá tem um ótimo Museu da Pré-história, que estava fechado porque é inverno. A igreja do "St. Cornély", que é o santo protetor dos animais "chifrudos", do século XVII. Tem um porto maravilhoso e praias que são muito procuradas. Essas pedras antigas foram dispostas em fileiras e arranjos misteriosos por tribos megalíticas em 4.000 a.C.. Seu objetivo original ainda permance obscuro: o significado talvez fosse religioso, mas o padrão regular lembra um dos primeiros calendários astronômicos. Os celtas, os romanos e os cristãos adaptaram-nos a suas crenças. Lá tem muitas formas diferentes de megálitos, todos com um propósito especial. Palavras na língua bretã, tais como men (pedra), dole (mesa) e bir (comprido), ainda são usadas para descrevê-las. Tenho certeza que a Tacinha vai gostar muito de saber tudo isso.

Independente do tamanho das pedras, voce pode fazer a força que quiser, jamais conseguirá tirá-las do lugar. São toneladas e toneladas... Bem que eu tentei! Como será que aquele povo conseguiu transportar tudo isso e armazená-las de uma forma tão ordenada assim? Vai saber!

Era proibibo assentar e subir nas pedras, mas eu as tinha nas minhas mãos. Dependendo da cituação até que elas iam me valer como uma forma de defesa. Hahahahahaha!

Não bastava circular entre as pedras, o jeito era visitar todos os alinhamentos. Haja fôlego...

Olha só que loucura esse alinhamento... Era pedra que não acabava mais!

As ovelhinhas saboreavam o capim que crescia entre as pedras.


De cima dessa torre deu para ter uma idéia melhor desse alinhamento. Muita loucura!


A loja de "souvenir", sala de vídeo, livraria e sala de exposição. Amanhã acaba o nosso passeio, retornaremos para Vannes e depois para La Roche. De volta ao trabalho. Uhuh!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Sábado em "Belle-Île".

Levantamos bem cedinho, nem tomamos café. Rodas na estrada... Chegamos em "Sauzon", uma vila tranquila e de faixadas coloridas. Estava amanhecendo, mas já eram quase 9h da manhã. Esta foi a primeira foto do dia. Que lindo!
Encontramos várias vacas deitadas e tranquilas aguardando o calor do sol.

Olha lá! Que graçinha, uma vaca deitada. Coitadinha! Tá tão frio e ela deitada nesse chão...


A vaquinha resolveu levantar e fazer pose para sair na foto. Afinal, de pé fica ainda mais linda!



Não poderíamos deixar de aproveitar o sol e as poucas horas de aluguel do carro para voltar nesse lugar paradisíaco e registrar o que não foi possível no dia anterior, por causa da chuva e do vento forte. "La Pointe des Poulains" é um lugar para visitar com calma...

Agora posso entender porque Sarah depositou aqui uma fortuna!

Sarah devia ter preferência por esta praia, até me deu vontade de experimentar... Se não fosse o frio!

Estou entre o Farol e as casas de Sarah.

Daqui eu vejo a casa que Sarah construiu para receber seus amigos e fico imaginando quantas vezes eles não estiveram no mesmo lugar que hoje estou pisando...

Dá pra ficar um pouco impressionada com tanta maravilha...



Como não estava chovendo e o sol estava cooperando aproveitamos para registrar tim-tim por tim-tim. Uhuh!

Fica difícil expressar o sentimento...
O silêncio... o barulho do vento... o barulho das ondas!


A formação de uma camada de espumas em cima da areia.

Lindo! Lindo! Lindo!

O farol da Ponta dos Poetas.

Costa selvagem da Ponta dos Poetas.

Não resistimos e voltamos lá em "La Pointe des Poulains", aproveitei para documentar a "La Villa Lysiane" mais uma vez, lugar onde Sarah construiu a casa de sua família e dedicou à sua filha mais nova.

Antes de chegar em "Sauzon", que seria nossa última visitação, encontramos algumas ovelhas pastando.

Porto de "Sauzon".

Última foto de "Sauzon". A segunda maior vila da ilha, onde existe um porto de pesca desde 1878, com uma faixada colorida, ruelas estreitas e sua igreja restaurada recentemente. Lugar tranquilo e calmo que me trarão boas lembranças.

Resolvemos comemorar o fim nosso percurso em "La Maison de la Nature", a casa da natureza. Muralhas de 1802, construídas pelo Marechal Vauban que hoje é uma exposição permanente do patrimônio natural de "Belle-Île". Não havia lugar melhor, na nossa frente tinha um parquinho para crianças e de vez enquando chegava uma mãe para distrair ali seu filhinho e alegrar o nosso ambiente. Daqui para frente, nada de carro mais, vai ser no dedão mesmo. Acabou nossa mamata. Então vamos comemorar. Com direito ao brinde: "santé".

Que cenário! Lugar ideal para fazer um piquenique ouvindo o canto dos pássaros!

Depois de um lanche reforçado, nosso café da manhã e almoço ao mesmo tempo, bom mesmo foi andar um pouco e facilitar a digestão. Comemos como dois ursos. Hahahahaha!

"Porte Vauban", saída para contornar a ilha.

Esta é a rua principal de "Le Palais" a maior vila da ilha, onde chegamos e ficamos. Estamos saindo da muralha indo para o centro. Voces não imaginam que maravilha estas árvores secas iluminadas de luzinhas azuis à noite. Uma coisa maravilhosa, os cruzeirenses iam gostar demais.

Depois de andar um pouco, de volta do nosso piquenique, o jeito era ficar por aqui. Eu já não aguentava andar mais. O Lúcio com muito fôlego, ainda voltou lá na "Citadelle". Acho que vou me divertir bastante aqui...

Oba, ele chegou bem na hora que resolvi parar um pouco para descansar e esperar o Lúcio voltar. Legal!

Assentadinha, bem de frente eu registrava tudo igual uma criança que vai ao parque pela primeira vez. Hahahahaha!

Depois de bem encostado e ancorado abrem-se as portas.

E a porta desce, se acomodando lentamente na plataforma, saem os primeiros mais apressados.

E chegam mais carros, chega ambulância, saem passageiros e seus cães...

E entram volumes que serão transportados. O que será?

Eu queria esperar ele sair novamente e acompanhar sua passagem pelo porto. Corri para o farol.
Ancorar, deixar os passageiros, descansar e aguardar outros passageiros já é uma rotina que se repete por várias vezes no dia.

Eu queria chegar até o farol, mas tive que aguardar o casal de namorados enjoarem e sairem de lá para eu tomar aquele lugarzinho mais gostoso.

Já vem a fera, apitando e abrindo o caminho como se dissesse: dá licença porque eu vou passar...
O "ferryboat" partia mais uma vez levando algumas pessoas de volta para "Quiberon". Ao meu lado, aqui no farol, um casal assenava insistentemente para outro casal que partia. Aquilo me comoveu, foi durante alguns minutos e eles não paravam de assenar. Até que a mulher resolveu tirar o cachecol vermelho para melhorar o sinal. Até que eles sumiram e não dava mais para ver aquela imagem... Então eu disse para eles: -amigo é amigo, não é mesmo? E a mulher me respondeu: - são meus filhos. Naquela hora me deu um nó no coração... e aí não precisa nem falar, não é mesmo? Saudades... saudades... saudades... demais!

Final de tarde, eu assentada num farol e o Lúcio, lá do outro lado, fazendo suas fotos no outro farol. A tristeza invadia o meu coração sabendo que seriam as minhas últimas horas ali. O sol já havia se escondido e essa foi a última foto do dia.