quinta-feira, 27 de março de 2008

Feijão belga.

Hoje, os planos eram passear em Vannes. Mas, com o "pc" em reparos, o melhor era acompanhar o conserto e ficar em La Roche mesmo. Uma visita ao supermercado antes de tudo era importante. Lá encontrei um feijão bem melhor que o da semana passada. Desta vez fui ao "Champion". Não era feijão italiano, era um feijão belga e bem mais bonito. Enquanto eu preparava o nosso almoço, que já era o jantar, Juliana estreiava o seu computador portátil. Era uma "lua de mel" mesmo. Ela nem piscava de tanto prazer!!!
Tinha arroz, feijão da Bélgica com bastante bacon, omelete com cebola e manjericão, salada de alface com tomates, refrigerante de limão e morangos de sobremesa. Bom, sabe qual é a moral da história? Quinta-feira é dia de dormir até mais tarde, passear na feira, fazer comida brasileira, comer com prazer, falar com a família toda e deitar bem tarde. Fazer papá gostoso, comer e imaginar que é no Brasil... Posso afirmar, com certeza, não tem coisa melhor!
Um, dois, feijão com arroz... É bom! Bom! Muito bom!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Incêndio.



Domingo de Páscoa, muitas reservas no restaurante do hotel. Tanto para o almoço quanto para o jantar. Durante o jantar, por volta das 21h, a casa estava cheia,  alguém chega na cozinha avisando que a garagem estava pegando fogo. Santo D'us! O Chef imediatamente abandonou as panelas, o fogão e saiu correndo. Atrás dele vai a Marie Odilie. Assume o comando da cozinha: 
Delphine, Juliana e eu. Tínhamos que manter a calma para que o serviço acontecesse naturalmente e bem feito e para que os clientes não percebessem nada.


Foram vinte minutos pra chegarem dois caminhões e uma caminhonete do corpo de bombeiros. Entre eles havia uma mulher muito simpática trabalhando com o maior prazer. O fogo 
veio de baixo do porão e destruiu a tampa do sótão atingindo o motor do carro da Madame.  


O fogo deve ter durado, mais ou menos, umas duas horas destruindo tudo que estava no porão da garagem. Inexplicável porque lá não havia iluminação elétrica, nada que pudesse causar o incêndio. Nem mesmo os bombeiros conseguiram entender como foi que iniciou o fogo. Mas, se voce continuar acompanhando o blog, provavelmente, ficará sabendo a causa mais adiante. Espero.

Depois que terminamos todo o serviço da cozinha, Delphine, Juliana e eu resolvemos ir até à garagem e verificar o fato. Quando chegamos lá tudo já tava sobre controle. Os bombeiros guardando seus instrumentos de trabalho e aquelas mangueiras enormes. A rua estava interditada e nós ficamos lamentando pelo fato da Madame Thorel ter perdido o seu carro BMW. Ainda bem que sobraram os canteiros da horta pra eu cuidar. Mas as batatinhas amendoim torraram todas no fogo, não sobrou nada, nadinha mesmo. Lamentável!

quinta-feira, 20 de março de 2008

A primavera chegou!

Hoje foi o primeiro dia da entrada da primavera. Fim de inverno, apesar dos 2 graus de temperatura. As flores já deram sinal da mudança de estação e a cidade está mais colorida. Resolvemos ouvir os conselhos do Sr. Renato, o pai da Juliana, curtir a paisagem, as flores o colorido, o clima e renovar as forças para a próxima semana. Obrigada Sr. Renato, foi ótima a sugestão.
Dentro desse casarão do século XVI funciona um restaurante e bar que mesmo no inverno esteve sempre em movimento. Lindo!

Quero uma casinha com a porta igual a essa. Não parece casinha de bonecas?


Assentar um pouquinho e descansar. Hoje vamos caminhar bastante.

Quando vi esse "microcar" lembrei logo do Marcos Paulo. Precisa ver o painel dele, é lindo. O velocímetro marca até 140 km/h. Duvido que alguém consiga fazer mais de 100 km/h nele. Só cabem duas pessoas. E se voce souber depois me conta onde fica o motor. Eu nem imagino.


Ele pode até gostar... Mas tenho certeza que ele não cabe aí dentro de jeito nenhum. A Dani vai e ele fica... Hehehehehehe! Ele é lindo.

Semana passada voce viu o porto lá de cima da ponte. Hoje voce pode ver a ponte lá em cima, daqui de baixo do porto.

Agora dá pra perceber a água limpinha. Fica bem mais bonitinho, não é?

Já vem um cachorro enorme atras de mim. Deixa eu ir embora.

Vou te mostrar como eu nado bonitinho...

Pulo ou não pulo?

Com essa bitela aí não tem vento que leva...

Esse casal colocou um anúncio de VENDE-SE no barco. Eu até que tentei negociar com eles. Não deu certo porque eles não conhecem o REAL. Que pena! Seria uma boa idéia, né? Já imaginou? Eu chegando em Mariana com esse negócio? Kakakakakaka!

Sentir a água bater e molhar as pontinhas dos pés...

Hoje a água não está suja como na semana passada. Lembra? Dá até pra brincar de beber...

Caminho do porto pra casa. Vamos às compras.

Se voce ampliar a foto vai conseguir ver uma lagosta enorme que custa 70 euros o kg, e "homard", a lagosta azul, que está andando no fundo do aquário e que é típica desta região. Essa custa 26 euros o kg. São minhas companheiras de todos os dias lá no restaurante e me dão um trabalho danado. Machuco as minhas mãos todos os dias para limpá-las. Já tô ficando craque. São quinze minutos pra destrinchar cada uma delas.

Uma passadinha na "poissonnerie" (peixaria). Que dúvida cruel! Levamos siri? Bacalhau fresco? Quem sabe levamos "escargot"? Se o Lúcio estivesse aqui já tinha decidido...

Levamos frutos do mar, lagosta ou peixe para o almoço de hoje? Que nada... vamos fazer arroz e feijão mesmo. É muito melhor! Kakakakaka!


O nosso almoço saiu por volta das 19h30. Chegamos do supermercado fui direto para o fogão. Fomos buscar algumas coisas e procurar feijão, o meu acabou. Achei um feijão vermelho, pronto, enlatado, que foi fabricado na Itália. Não é como o nosso feijão vermelhinho. Mas deu pra quebrar o galho. E como voce pode ver, o feijão italiano é do tamanho de um amendoim graúdo. Meio adocicado, mas muito gostoso.

Hoje o dia não acabou em pizza mas acabou com um belo prato de arroz, feijão, farofa e salada de alface com tomates. Oba! Matei a saudade do arroz com feijão. É bom, é bom...

sexta-feira, 14 de março de 2008

Vista do Porto.

Estamos saíndo de La Roche, à caminho da Ponte que dá acesso à pequena cidade de 750 habitantes, comigo e com a Juliana. De lá teremos uma vista parcial da cidade e do porto.
Programa de quinta-feira, dia de folga. Subir na ponte e admirar a vista do porto. Esta ponte foi inaugurada em 1995, após 2 anos de serviço.

Não é comum ver a água suja como hoje. Essa semana teve uma tempestade com ventos de 130 km por hora, uma tragédia. Não se assuste, o susto já passou. Por isso a água não está azul como é de costume. Prometo que da próxima vez o visual vai ser diferente.

É impressionante ver os barcos bem estacionados, enfileirados um atrás do outro. Arrumadinho. Uma doca solta, perdida no meio do rio.

Este pedaço de ponte, que uma dia foi uma ponte belíssima, foi inaugurada em 1839. Foram 4 anos de construção. Ela era constituída de dois viadutos de acesso, em alvenaria e com suas proteções laterais em madeira. Em 1872 ela caiu, em consequência de fortes ventos de uma tempestade. De 1907 a 1911 foi restaurada com um arco de metal e mais reforçada. Funcionou até 1944. Ela foi atingida por um raio do engenho de guerra que os Alemães colocaram. Em 1948, foi instalada uma passarela flutuante que era provisória, mas funcionou até 1960. A famosa "Tour de France", o circuito de bicicleta, passou por essa passarela em 15/07/1954, pela primeira vez. Nessa época, perceberam que o tráfico já era intenso no período do verão e circulavam, por dia, até 30.000 veículos nessas condições. Então foi preciso providenciar uma nova construção que começou em 1993 e terminou em 1995. Eu estou a lamentar o acontecimento histórico. É a vida!
De cima da ponte nova posso ver as ruínas da ponte velha.

A chuva ameaça cair dando sinal que já está na hora de voltar pra casa. Que pena!

Antes de chegar em casa, uma paradinha para descansar um pouco. Curtir as flores do jardim da entrada da pequena cidade da Bretanha, nada mal. Elas já estão nos avisando que a primavera está chegando. Oba! Fim de inverno.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Parabéns pra mim!

Imagina! Eu, fazendo hoje cinquenta anos, meio século de vida! Nem acredito... Cinquenta! Digno de ser comemorado no salão do hotel. Bem que o Chef podia fazer uma graçinha pra mim. Kakakakaka! Eu nem faria questão. Ele podia escolher. Aqui ou...
Ou poderia ser nesse cantinho aqui, eu e a Juju. Ia ser bom demais! O dia hoje estava lindo! Ensolarado e pouco frio. Combinava bem. E ficaria na história, mas...

O jeito foi comemorar em casa mesmo. Se bem que aqui ficamos à vontade, conversamos em português, comemos a comidinha mais gostosa, damos nossas gargalhadas e choramos quando o coração não resiste... Feliz Aniversário Lourdinha!

Eu te convidei... porque voce não veio comer pizza comigo? Afinal são 50 anos!!!

Festa de aniversário tem que ter doce, não é mesmo?

A comemoração foi completa. Tinha petiscos, vinho, pizza e até sobremesa. Ela sempre faz uma torta deliciosa. Quando não é de chocolate é de maçãs. Mas, a minha preferida é a de morangos.

Além do cartão de feliz aniversário, Juliana me presenteou com esse aparelho de fazer "raclette" e "crepes". "Raclette" é um prato suíço de queijo grelhado, batatas cozidas, presuntos e salaminho fatiado. Uma delícia!

Nesse aparelho farei crepes deliciosas, além da "raclette" para voce saborear e ficar feliz comigo!

"Pied de couteau".

Ontem foi dia de limpar o "Pied de couteau". É um marisco que tem a forma do cabo de uma faca, por isso se chama pé de faca. Ele se desloca na areia verticalmente e é retirado de dentro de uma pequena cratera. A pesca do "couteau" é sobretudo um trabalho difícil e perigoso. Quando ele chega na cozinha, provavelmente, vai ser aproveitado para a elaboração das "terrines" (tipo de patê cozido). Existem algumas regras para a pesca do "couteau": a venda é proibida e a consumação é exclusivamente familiar. Não se acha nos supermercados; a pesca é proibida há menos de 10 metros do perímetro permitido nas culturas marinhas; a pesca é autorizada apenas durante o dia. O negócio é nojento demais.
Interessante é que o bicho chega vivo na cozinha e quando a gente tenta abrir a casca dele ele começa mexer e dá uma agonia tremenda. Pior que lesma na sua mão. A Juliana quase teve um treco, ela achou que eles estavam mortos e quando ele mexeu na mão dela ela deu um grito e falou: -éco, tá vivo! Nós morremos de rir e a Marie Odile falou: -cuidado que é uma cobra. Depois que eles foram retirados de dentro da casinha, foram direto pra conserva em banho-maria por alguns minutos. Espero que eles não apareçam na nossa mesa... Socorro!

domingo, 9 de março de 2008

A pegadinha do Chef.

Acreditem se quiser... ontem há noite, o Chef chamou a Marie Odilie e disse: -Marie, leva esses 5kg de "champignons de Paris" pede para a sua assistente fazer exatamente como esses dois. Diga para ela retirar todos os cabos (que seriam aproveitados para a elaboração do cardápio do nosso almoço de hoje) e fazer o desenho em todos os outros. E que seje bem rápido, ok? Gente, eu lá de dentro do "Garde Manger" ouvindo isso e as pernas já começando a tremer. No sábado, geralmente tem muito "menu" para servir, tanto no almoço quanto no jantar, e a casa estava cheia. Tinha uma mesa que estava comemorando um aniversário. Ele tinha acabado de fazer um bolo de chocolate lindo, para essa mesa. Nós estávamos em pleno pique de trabalho, aquela correria pra dar conta de tudo certinho. Na mesma hora eu clamei pela misericórida de D'us. Senhor! Me ajuda, nessa hora! E a Delphine, para completar a brincadeira veio me perguntar se alguma vez eu já havia feito isso. Eu disse: - não, mas vou fazer bem direitinho, ok? E a Marie Odilie ficou na minha cola: - "vite" Lourdes, "vite"! -"Oui"! "Je vais faire". É claro, que para isso ele teria que fazer algumas demonstrações para mim. De repente, eu percebi que eles estavam achando muita graça e que era uma pegadinha. Caí igual uma patinha! Hehehehehehehe!
Com a ponta da faca, o Chef fez um desenho maravilhoso na cabeça do "champignon", e com uma habilidade que lhe é peculiar ainda estou admirada até agora. Hoje, fui um pouco mais cedo para o trabalho, fiz as fotos dos "champignons" bem rapidinho para voces terem uma idéia da coisa... Dá para perceber o desenho em forma de aspiral? Se eu tivesse que fazer isso, certamente levaria uma noite inteira para conseguir deixar 5 kg prontos. Como ontem foi o Dia Internacional da Mulher, quero considerar que esse seria o meu presente. Graças à D'us que o Chef nem lembrou disso, senão eu tava frita mesmo. Kakakakakakaka!

quinta-feira, 6 de março de 2008

Curtindo a folga.

Não é novidade dizer que toda quinta-feira nosso programa é passear na feira pela manhã. Pesquisar preços, conhecer os produtos da época e descobrir as novidades. Conferir os ingredientes, depois no Glossário que a Profa. Cláudia deu nas aulas de francês, é uma tarefa satisfatória. Tem me ajudado demais. Olha a modéstia desse feirante: "espaço gourmet", pequeno queijeiro, queijo "gruyere suisso" (queijo suiço duro e suave), "beaufort" (queijo francês cozido e mais picante), "tommes" (queijo francês duro), queijo de vaca e de cabra. A barraca dele chamou a minha atenção e sem dúvida foi a melhor do dia.
Ninguém resiste à uma delícia dessa. Imagina quantos litros de leite foram necessários para se reduzirem no tamanho desse queijo. E o tempo que ele ficou maturando para resultar nessa delícia? Importante, não é industrializado, tudo é artezanal. Para o francês, isso é de grande valor. Apenas 200 g me custaram oito euros. Valeu!

Na hora de degustar, feche os olhos, deixe o queijo se desmanchar lentamente dentro da sua boca e imagine um gole de vinho pra acompanhar...

Em casa, fim de noite. Momento para relaxar um pouco, compartilhar as lutas, chorar juntas, consolar e ser consolada, rir um pouco e renovar as forças para prosseguir na nossa caminhada.

Depois de uma semana com muitas saladas, bom é saborear uma pizza à moda brasileira...

Nada melhor que um bom vinho para acompanhar o prato do dia da folga do trabalho.

Não foi possível fazer com a borda generosamente recheada de "catupiry", como meu filho Luizinho sabe fazer tão bem. Mas, mesmo assim ficou muito boa. Não tinha "muzzarela" e foi com queijo "emmental" mesmo. Uma delícia!

A pizza era grande e não cabia dentro do forno que é bem pequeno. Resolvemos fazer frita na frigideira mesmo. Se voce ainda não fez, e não tiver um forno bom, improvise e frite-a na frigideira. Olha, fritei no azeite puro de oliva e ficou deliciosa. A massa ficou crocante e saborosa e foi rapidinho. Depois, mais adiante, te conto o "pulo do gato". Bom, aprendi com o Chiari que nunca se deve ensinar o pulo do gato. Mas, se voce acompanhar meu blog, um dia vai ficar sabendo detalhes.