sábado, 19 de janeiro de 2008

De volta ao trabalho.


Bom, eu não poderia deixar de contar pra voces como foi meu primeiro dia de trabalho, depois de duas semanas de férias.
Ontem, às 14h horas, estava eu bonitinha, de uniforme, toquinha de renda na cabeça e doidinha pra trabalhar. Ai, ai! Voce acredita, não é?
Pois é... Eu até que fiquei surpresa, a Chef me recebeu com um sorrisão nos lábios, coisa que nunca acontece. Ela é mal humorada à bessa. Mas eu nem ligo, já tô bastante acostumada com pessoas mal humoradas. Isso eu tiro de letra. E eu nem estava entendendo nada, sabe? Mas até que eu estava gostando, afinal, sempre que saio de casa pra ir trabalhar peço ao meu Senhor pra me ajudar e me dar muita força pra suportar as situações desagradáveis. E isso é infalível, sempre tem. Principalmente no ambiente stressante que é a cozinha na hora do pic. Mas Ele sempre me abençoa, glória à D'us por isso!

De repente a abençoada da minha Chef me manda bater manteiga. Gente, voces nem podem imaginar... até agora eu não consigui entender. Um país de primeiro mundo e eu batendo cinco litros de creme de leite à mão. Voces acreditam? Pois é. Eu que moro lá no interior das Minas Gerais bato a manteiga numa batedeira elétrica que em cinco minutos me dá um resultado excelente. E aqui, na França, dentro da cozinha de um Chef estrelado a manteiga é batida numa caixa velha de madeira que deve ter lá os seus cinquenta anos ou mais. A manivela da bicha já está tão gasta que as peças nem se encaixam direito mais. Fica tudo bambo. E conforme voce vai rodando a manivela as peças soltam, a élice desencaixa lá dentro e aí é aquela confusão. Mas eu já tô escolada e a manivela não me pega mais. Eu fico boneca prestando atenção. Da primeira vez que fiz a manteiga, ganhava pito toda vez que a manivela soltava. Só que agora ela não solta mais. Eu não deixo a peteca cair. Ah, se a vigilância sanitária soubesse disso! No meu país é ferro na certa. Mas tudo bem, vamos lá. Gente, são quarenta e cinco minutos manivelando sem parar e "vite", "vite", "vite". Rápido, rápido e muito rápido, sem parar. E a cada cinco minutos eu olhava para o relógio e clamava: -D'us, renova as minhas forças. Abria a caixola e via que ainda faltava muito. Suava igual égua velha. Eu já havia feito antes, logo quando cheguei. Então já não era novidade e eu bem que sabia o tempo que ía gastar. Quando venci os quarenta e cinco minutos parecia uma eternidade. E eu pensava, se fosse contar as maniveladas dadas bem que dava para ir de Mariana à Ouro Preto de bicicleta. Ah, isso dava!

Mas, tirando a manteiga, o trabalho foi interessante. Cardápio novo, ingredientes novos. Novidades. Aprendi um pouco mais. Me diverti bastante e agora os músculos dos braços estão durinhos iguais aos do maridão. Hahahahahaha.


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